REFORÇAR A LUTA <br>PREPARAR A FESTA

«De luta e de festa é feito o com­bate por um Por­tugal com fu­turo onde os va­lores de Abril se pro­jectem»

Com este Go­verno e com esta po­lí­tica todos os dias se agrava o «Es­tado da Nação». Como re­feriu o ca­ma­rada Je­ró­nimo de Sousa no de­bate na AR no pas­sado dia 2 de Julho, «chegou ao fim um pro­grama im­posto ao País, mas o que ficou foi um País eco­no­mi­ca­mente des­tro­çado, di­la­ce­rado no plano so­cial e po­li­ti­ca­mente fra­gi­li­zado por uma po­lí­tica que ali­mentou a des­crença, a de­si­lusão e o de­sen­canto». De facto, Por­tugal é hoje o País da sopa dos po­bres outra vez para muitos; dos dramas das fa­mí­lias des­tro­çadas pela casa que ti­veram que de­volver aos bancos, pelos fi­lhos que viram aban­donar pre­co­ce­mente a es­cola ou pro­curar em­prego sem su­cesso; pelas re­formas que já não chegam para pagar rendas, ali­mentos e re­mé­dios; pelas em­presas atin­gidas pela ruína; pelos ser­viços pú­blicos que de tanto se afas­tarem se tor­naram ina­ces­sí­veis; pela san­gria hu­mana que cada dia lança 350 por­tu­gueses nas rotas da emi­gração. O País do de­sen­canto da ju­ven­tude pelos so­nhos que se vê obri­gada a adiar. O País cuja dí­vida, tor­nada in­sus­ten­tável, im­pede o de­sen­vol­vi­mento; cujo dé­fice pú­blico de 6% do PIB con­tinua a ser pre­texto para mais aus­te­ri­dade. E, ao mesmo tempo, o País das co­los­sais for­tunas que do­minam a nossa eco­nomia. O País dos casos BPN, BPP, Banif, BCP e, agora, do BES, que evi­den­ciam prá­ticas obs­curas de gestão, de ma­ni­pu­lação de contas e do mer­cado ou de fuga e evasão fiscal com li­ga­ções ten­ta­cu­lares de do­mínio nos planos eco­nó­mico e po­lí­tico. O País de um Go­verno que sub­verte a Cons­ti­tuição, afronta o Tri­bunal Cons­ti­tu­ci­onal e en­ca­minha os por­tu­gueses para o sub­de­sen­vol­vi­mento cul­tural. Este é o re­trato da Nação, de­pois de três anos de go­ver­nação PSD/​CDS, de ou­tros tantos de in­ter­venção das troikas e de 37 anos de po­lí­tica de di­reita dos go­vernos do PS e PSD com ou sem o CDS.

Uma po­lí­tica que tem também a cor­res­pon­sa­bi­li­zação do PR que jurou cum­prir e fazer cum­prir a Cons­ti­tuição e que, ao invés, ab­di­cando do seu so­lene ju­ra­mento e, ali­e­nando a sua in­de­pen­dência como su­premo ma­gis­trado da Nação, tudo faz para apre­sentar a po­lí­tica de di­reita como ine­vi­tável. É neste quadro que se pode en­tender a con­vo­cação da reu­nião do Con­selho de Es­tado da pas­sada se­mana. Sob uma apa­rente nor­ma­li­dade no fun­ci­o­na­mento das ins­ti­tui­ções de­mo­crá­ticas, pre­tendeu-se, isso sim, pro­mover o tão de­se­jado con­senso entre PS e PSD, com ou sem o CDS, que possa dar con­ti­nui­dade a esta po­lí­tica de de­sastre na­ci­onal.

E tem também a cum­pli­ci­dade do PS, que montou uma es­pécie de farsa em torno da ideia de elei­ções para pri­meiro-mi­nistro, pro­cu­rando, desta forma, es­ca­mo­tear as suas res­pon­sa­bi­li­dades pela po­lí­tica de di­reita. E, num ce­nário de apa­rente dis­sensão in­terna, me­di­a­ti­ca­mente em­po­lada pela co­mu­ni­cação so­cial do­mi­nante, está, na prá­tica, a servir para des­viar a atenção dos por­tu­gueses dos reais pro­blemas do País, do pro­cesso em curso no BES e da nova es­ca­lada anti-la­boral e anti-po­pular do Go­verno: ten­ta­tiva de des­truição da con­tra­tação co­lec­tiva, novos cortes já este mês nos sa­lá­rios da Ad­mi­nis­tração Pú­blica (ao mesmo tempo que anun­ciam a re­po­sição em 2015), ex­tinção da Casa do Douro, es­bulho dos bal­dios aos povos, des­truição dos ser­viços pú­blicos, mu­ni­ci­pa­li­zação da edu­cação, mais pri­va­ti­za­ções.

Num in­tenso es­forço para a cons­trução de uma al­ter­na­tiva po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, que a co­mu­ni­cação so­cial do­mi­nante pro­cura si­len­ciar, o PCP pro­move en­con­tros com ou­tras forças so­ciais e po­lí­ticas; es­ti­mula a luta de massas e in­tervém nas ins­ti­tui­ções em de­fesa dos in­te­resses dos tra­ba­lha­dores, do povo e do País; re­a­liza de­bates, co­mí­cios e con­ví­vios, com des­taque para a 24.ª edição do Pas­seio das Mu­lheres da CDU/​Porto, no pas­sado do­mingo, em Vila Pouca de Aguiar, com mais de se­te­centos par­ti­ci­pantes, que contou com a in­ter­venção do ca­ma­rada Je­ró­nimo de Sousa. Con­vívio onde se ma­ni­festou o am­bi­ente de ale­gria e fra­ter­ni­dade que, in­dis­so­ciável da sua luta e do seu pro­jecto, o PCP e a CDU pro­por­ci­onam a todos aqueles que, sem pre­con­ceitos, deles se apro­ximam, no con­vívio ou na luta or­ga­ni­zada.

Contra a po­lí­tica de di­reita do Go­verno, vão-se mul­ti­pli­cando as lutas nas em­presas, sec­tores e lo­cais de tra­balho e, num plano mais geral, a acção con­ver­gente dos tra­ba­lha­dores e do povo pela dis­so­lução da As­sem­bleia da Re­pú­blica e a con­vo­cação de elei­ções an­te­ci­padas. Estão neste caso a im­por­tante ma­ni­fes­tação, esta tarde, em Lisboa, con­vo­cada pela CGTP-IN, a greve dos mé­dicos de 8 e 9 de Julho que contou com ele­vada adesão em todo o País, a greve na Con­tro­lin­vest no pró­ximo dia 11, di­versas lutas de agri­cul­tores e contra o en­cer­ra­mento de es­colas e de ser­viços de saúde.

E vai pros­se­guir a pre­pa­ração da Festa do Avante!, grande re­a­li­zação po­lí­tico-cul­tural, que este ano dá ex­pressão às co­me­mo­ra­ções do 40.º ani­ver­sário da Re­vo­lução de Abril e con­tará com uma rica e di­ver­si­fi­cada pro­gra­mação de qua­li­dade: as jor­nadas de tra­balho, a dis­tri­buição e afi­xação de pro­pa­ganda, a pro­moção junto de ór­gãos da co­mu­ni­cação so­cial local e ou­tras en­ti­dades, a re­a­li­zação do con­curso de bandas da JCP, a dis­tri­buição do su­ple­mento do Avante! com os ar­tistas da Festa e a venda an­te­ci­pada da EP.

E em luta e em festa vamos pros­se­guir. Porque de luta e de festa é feito o com­bate por um Por­tugal com fu­turo onde os va­lores de Abril se pro­jectem. Um fu­turo que con­cre­tize o pro­jecto de pro­gresso e jus­tiça so­cial que a Cons­ti­tuição con­sagra e a po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, que de­fen­demos, pre­co­niza.